Por Ricardo Natale*. Interesse por startups continua em alta e demonstra que o mercado brasileiro está mais maduro e robusto. Mas lideranças ainda podem fazer muito mais pelo o ecossistema de inovação.
Dados compilados pela Distrito em seu Venture Capital Bulletin de fevereiro/2022 constatam que os investimentos no ecossistema de inovação brasileiro começaram o ano tão aquecidos quanto em 2021. Com mais de US$ 1,3 bilhão desembolsados no primeiro bimestre de 2022, o país atinge seu segundo ano seguido com valor acima de US$ 1 bilhão aplicados nesse período.
De acordo com a Distrito, mesmo em um momento de incertezas e inseguranças no campo macroeconômico, os elevados investimentos em venture capital (VC) mostram o amadurecimento de startups brasileiras, que conseguem ser cada vez mais atrativas para o mercado.
Ainda que com uma quantidade reduzida no número de aportes, o volume investido em 2022 já supera consideravelmente os números apresentados em 2021, que já eram duas vezes e meia maiores que os de 2020.
A alta liquidez no mercado e a entrada de mais investidores com muito capital no ecossistema permite às companhias captar rodadas com elevados valuations, mesmo em um momento de alta dos juros.
O movimento de transformação digital das empresas, intensificado em 2020 e 2021, manteve as fusões e aquisições no segmento em patamares elevados no começo de 2022, com 34 operações envolvendo startups brasileiras.
Investimentos em VC são uma tese consolidada internacionalmente e não seguem padrões de risco de investimento convencionais, mantendo-se em alta mesmo nesse cenário, principalmente com o surgimento de empresas cada vez maiores e mais sólidas, anota a Distrito em seu boletim.
Segundo Igor Romeiro, sócio-fundador da Efund — plataforma que opera na modalidade de equity crowdfunding —, apesar do cenário desafiador para o investidor, como o que se avista em 2022, com eleição, aumento das taxas de juros e inflação, combinação convidativa a investimentos em renda fixa, as startups reúnem características muito atrativas ao público que procura a diversificação de seus investimentos em alternativas nas quais os riscos correspondam proporcionalmente aos ganhos.
“As notícias sobre a consolidação de um número cada vez maior de unicórnios no ambiente de inovação brasileiro colaboram para aumentar o apetite pelas startups neste momento”, afirma Romeiro.
Recente reportagem publicada pelo NeoFeed mostra que CEOs de grandes companhias que nasceram como startups colocam dinheiro do próprio bolso em numerosas empresas em fase inicial, como forma de continuar participando das inovações proporcionadas por esse ambiente e também de diversificar seus investimentos pessoais.
Fazem parte dessa lista Sergio Furio, da Creditas; David Vélez, do Nubank; Israel Salmen, do Méliuz; e Rodrigo Dantas, da Vindi. Cada um criou um portfólio de startups de fazer inveja a muitos fundos de venture capital.
Além das razões financeiras, o que leva esses CEOs a dedicar uma parte de seu escasso tempo a procurar novas startups é uma espécie de sentimento de retribuição ao ecossistema de empreendedorismo brasileiro, com a possibilidade de se conectar a empresários com grande potencial e novas ideias.
“Esses investimentos ajudam a gente a abrir a cabeça e a ter humildade para aprender com os outros”, diz Israel Salmen, do Méliuz, que também é mentor da Endeavor.
No momento em que o mercado busca modelos de crescimento e governança que gerem impacto social e ambiental, também cabe discutir a responsabilidade dos líderes empresariais no fomento à inovação.
Se os próprios fundadores de unicórnios hoje se dedicam a buscar novas formas de empreender em outras startups, vale fazer uma reflexão: você e a sua empresa estão engajados nesse propósito?
Entenda o panorama de investimentos em startups deste no Report exclusivo Unicórnios do Brasil.
Saiba também porque a desaceleração dos IPOs deve dar mais tração ao Venture Capital no país nos próximos meses.
