Aeroporto de Miami esperava aumento de 11% no feriado do Dia de Ação de Graças em comparação com os níveis pré-pandemia. Fim das restrições a outros países reforça otimismo do trade
Após quase dois anos de isolamento e do fechamento das fronteiras em função da Covid-19, um dos principais destinos turísticos dos EUA dá sinais de uma retomada em níveis acima dos registrados antes da pandemia. Com o feriado do Dia de Ação de Graças, entre quinta (25) e domingo (28), o Aeroporto Internacional de Miami esperava receber um público recorde, com aumento de 11% de passageiros em comparação com o mesmo período de 2019.
De acordo com as autoridades aeroportuárias, devem passar pelo local cerca de 140 mil pessoas por dia – no domingo, a perspectiva era de 160 mil passageiros entrando e saindo da cidade, segundo a CBS Miami. Com o movimento, a segurança foi reforçada, assim como os pedidos para que os viajantes cheguem com antecedência, evitando atrasos nos voos.
“Isto representa mais visitantes e criação de empregos, uma vez que nossa indústria e economia turísticas continuam a se recuperar”, disse Daniella Levine Cava, prefeita do condado Miami-Dade. Desde novembro, os EUA retiraram a proibição de voos vindos de 33 países, da América do Sul, Europa e Ásia. Os visitantes ainda precisam apresentar provas de vacinação e um recente teste Covid negativo, salvo algumas exceções.
O Dia de Ação de Graças é uma prévia do que será a primeira temporada de férias na região após a vacinação massiva da população e a reabertura de fronteiras. As temperaturas amenas da Flórida durante o rigoroso inverno norte-americano é um dos principais atrativos turísticos neste período – e mobilizou o trade local para receber visitantes de outros países. O Canadá, por exemplo, é considerado um dos principais mercados emissores de turistas para a Flórida, especialmente para os parques de Orlando.
Este movimento internacional promete consolidar a retomada do turismo local. Segundo o governador da Flórida, Ron DeSanctis, o Sunshine State recebeu 32,5 milhões de viajantes entre julho e setembro, a grande maioria de fluxo doméstico. Isso representa um pequeno aumento de 0,3%, se comparado com o verão de 2019 – no ano passado, a queda foi de 37%, divulgou o governador em comunicado na última terça, 23 de novembro. Segundo a agência oficial de turismo Visit Florida, o volume de turistas internacionais neste período superou em 7% o resultado de 2019. Foram os primeiros resultados positivos desde que a Covid-19 foi detectada no estado.
A região de Tampa também contabiliza números históricos, dado o contexto de pandemia. O aeroporto internacional St. Pete-Clearwater, no município de Pinellas, teve seu mês mais movimentado em julho deste ano, com uma circulação de 262 mil passageiros. A ocupação dos hotéis, em 67%, também supera o índice do mesmo período de dois anos atrás (64%) – em termos de arrecadados, o crescimento foi de 17%, de acordo com a agência de promoção turística no condado de Hillsborough.
“Conseguimos estabelecer esses recordes porque na Flórida mantivemos os negócios abertos e asseguramos que a população pudesse continuar trabalhando”, disse DeSantis, em um comunicado.
Mobilidade “histórica” atrai empresas e novos moradores
Além do turismo, a Flórida se beneficiou do contexto de trabalho remoto e migração de empresas e profissionais de alta qualificação. Desde o início da pandemia, o estado tem se destacado pela série de investimentos realizados por grandes corporações, a ascensão de startups à condição de empresas bilionárias (há uma série de unicórnios fixadas em Miami, por exemplo) e de eventos voltados a tecnologia e à economia do século XXI – como a maior convenção de moedas digitais, realizada em junho.
O clima ensolarado não é a única razão: além de impostos mais baixos para as empresas, o valor dos imóveis ainda é sensivelmente menor do que em outros centros, como Nova York e San Francisco. Orlando, por exemplo, recebeu um investimento de US$ 450 milhões da KPMG para o desenvolvimento de um centro global de treinamento – o maior já feito pela empresa. Outra gigante de consultoria, a Deloitte, está na cidade desde 2014, onde já investiu US$ 63 milhões e gerou 2,2 mil empregos.
“A Flórida está se tornando um hotspot para serviços bancários e financeiros, enquanto Miami está emergindo como um dos mais quentes centros de novas tecnologias da América do Norte hoje”, diz John Boyd, o CEO da The Boyd Company, líder mundial em inovação para engenharia de materiais. Segundo ele, a pandemia propiciou “um tempo de mobilidade histórica tanto para as empresas quanto para as pessoas”, o que permite também a redução de custos imobiliários para ambas as partes.
Entre 2010 e 2020, a população da Flórida cresceu 14,6%, o dobro da taxa de crescimento médio da população dos EUA. “Não se trata apenas de aposentados – são trabalhadores técnicos”, afirma Boyd.
Texto: Fabricio Umpierres
Foto: Antonio Cuellar / Unsplash