Para Rodolfo Medina, à frente do Grupo Dreamers, a pandemia e o padrão ESG colocaram meio ambiente, diversidade e cuidados com as pessoas na agenda prioritária das empresas. O desafio agora está em fazer o discurso virar prática
O mundo passa por um momento de ampla transformação. Acelerado pela pandemia e pelo uso em larga escala de tecnologia e das redes sociais, esse processo faz com que empresas tenham não mais apenas de entregar produtos e serviços de boa qualidade. É preciso ir além. Só assim será possível gerar soluções e estabelecer laços firmes com a comunidade e com as diversos outras partes interessadas (stakeholders). Algo fundamental em tempos de adesão às boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, preconizadas pelo modelo ESG.
As marcas que não estiverem à altura desse desafio perderão conexões, vendas, clientes e terão a imagem profundamente arranhada. Muitas delas, inclusive, podem até desaparecer.
A avaliação é de Rodolfo Medina, presidente executivo do Dreamers.
Nesta entrevista ao Experience Club, o executivo fala sobre a recente reorganização promovida pelo Grupo, agora uma holding com 800 funcionários que reúne 16 empresas das áreas de comunicação e entretenimento.
Filho de Roberto Medina, o lendário criador do Rock in Rio -, principal marca da empresa -, o executivo fala também sobre a grande expectativa em torno da volta dos grandes eventos, assim que a pandemia permitir.
“Sem dúvida, o próximo vai ser o maior Rock in Rio de todos os tempos, porque as pessoas estão com saudades de se encontrar e de viver. Por outro lado, também é verdade que foi construída uma audiência nova. Essa nova audiência alargada, do digital, é composta por um público que talvez nem vá ao evento presencialmente. O desafio será gerar experiências para ele”, projeta.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista:
1 – Um mundo em plena transformação
“O momento é não só de transformação dos negócios e da comunicação e da transformação da nossa sociedade, em função do que a pandemia nos trouxe. Isso já estava forte antes, a pandemia acelerou. A verdade é que as marcas, os produtos e os serviços ou vão ajudar a trazer soluções para a sociedade, o que passa pela diversidade, meio ambiente e cuidado com as pessoas, ou essas marcas vão ficar para trás. Isso veio para ficar.”
2 – ESG e valor compartilhado das marcas
“A pauta de ESG mostra que não dá para a gente ir bem se o meio em que a gente vive, da forma mais ampla possível, não está bem. Então, temos que atuar e fazer a diferença. E as marcas têm um papel fundamental nisso tudo.
3 – Novas gerações são melhores
“Tenho convicção de que as novas gerações são melhores do que a nossa. Eles entendem mais as diferenças. Falam de diversidade de uma forma muito mais natural. Então, elas serão mais diversas nos olhares também.”
4 – CEOS cada vez mais vocais
“Você tinha, no passado, empresas que faziam muita coisa e deixavam quase que escondido. Parecia que isso era estar se beneficiando e apenas querer melhorar a imagem. Na verdade, é o oposto. Quanto mais fizermos o bem, mais influenciamos para que os outros também façam.”
5 – Rebrand – reorganizando a casa
“Começamos a pandemia como Grupo Artplan, com doze empresas. Quando começou a pandemia e tivemos de colocar todos dentro de casa, 800 pessoas, já tínhamos pronto esse projeto. Não foi feito em função da pandemia. Entendemos que era necessário criar uma unidade no grupo.”
6 – Rock in Rio e a retomada dos grandes eventos
“Esperamos uma retomada para o segundo semestre. Acho que a parte de eventos, um dos pilares que temos no grupo, vai ser um pouco mais demorado. Acho que lá para o fim do ano, talvez. O cuidado com a segurança do público será o foco. O Rock in Rio, por exemplo, adiamos para o ano que vem, pois não havia condições de reunir 100 mil pessoas nesse momento. Vai ser o maior Rock in Rio de todos os tempos. As pessoas estão com saudades. A vida ao vivo começa a voltar, mas é preciso respeitar os prazos de vacinação.”
7 – Realidade aumentada e novas tecnologias
“A tecnologia está dando só o primeiro passo. Com certeza, a velocidade com que ela evolui, se falarmos daqui a um ano vai ser melhor do que estamos falando hoje. Estamos passando por metaverso, realidade aumentada, real time, no caso de projetos como o Rock in Rio, ganha muita força. O objetivo é conseguir passar a emoção para quem não está lá.“
8-Games bombando
“É mais que game. É uma linguagem, uma forma de se comunicar muito proprietária, muito forte, com volume de investimentos no mundo brutal. Já é maior do que o cinema. Temos uma game XP, que foi o primeiro game park do mundo. É uma mistura de e-sports, com feira de lançamento de games com experiências ao vivo.”
Texto: Luciano Feltrin
Imagem: reprodução