O ano de 2021 ficará marcado na história não apenas por causa da pandemia da Covid-19, mas por ter mudado o senso de urgência da humanidade. Se antes havia uma compreensão difusa da necessidade de atuação conjunta de empresas, governos e outras instituições em uma série de questões globais, como as mudanças climáticas, hoje essa compreensão vêm se transformando rapidamente em ações. Mas ainda será necessária uma reinvenção do capitalismo para dar conta das grandes questões mundiais.
A avaliação é de Ann Rosenberg, a dinamarquesa que cofundou o SDG Ambition, da ONU, e conselheira de governança climática do World Economic Forum. “Quando você olha as 17 metas globais, e o que é preciso ser feito para implementá-las, percebe que na verdade são necessários modelos e processos de negócios totalmente novos”, diz.
Ann foi a principal palestrante do Experience Lab Decodificando o ESG, que aconteceu nesta terça-feira e contou ainda com a participação de Luana Ozemela, CEO da Development Impact Managers e ex-consultora de ESG e Equidade Racial do BID, e de Olivier Blum, Strategy and Sustainability Officer da Schneider Electric.
Para Luana, com a conscientização crescente das pessoas, das empresas e dos governos, a questão da sustentabilidade, mais do que uma demanda moral, se tornou um fator decisivo de diferenciação no mercado. De acordo com ela, hoje, as 300 empresas mais bem colocadas no índice global de governança corporativa da instituição MSCI, apresentam maior rentabilidade 18% em suas ações, em comparação com as demais 1,3 mil. “ESG não é mais um tema puramente ético. É o tema relacionado à competitividade das empresas que vai assegurar retorno de longo prazo”, afirma.
A Schneider Eletric tem exemplos práticos das mudanças positivas que a colocação de ESG no centro da estratégia das empresas podem trazer. Segundo Blum, desde que a companhia passou a ser percebida como uma campeã em sustentabilidade, há uns cinco anos, atrair talentos se tornou uma tarefa mais fácil, afirma o executivo.
O evento contou com o patrocínio master de BASF e Grupo Ambipar, e patrocínio de Home Agent, LogMeIn, Saint Paul Escola de Negócios, Simpress e UOL.
Confira alguns dos principais insights do Experience Lab:
Luana Ozemela
- “Hoje, boa governança não é mais um ‘nice to have’ e, sim, um ‘must have’. Se uma empresa quer atrair investimentos, ela precisa mostrar que é confiável. E a governança está no centro disso tudo.”
- “ESG não é mais um tema puramente ético. É ‘o tema’ relacionado à competitividade das empresas que vai assegurar retorno de longo prazo.”
- “Uma boa métrica ESG tem que ter ao menos dois ângulos: a que considera o seu interior e a relação da empresa com o exterior. Não é um mero exercício de checkbox. É preciso encarar qual é a realidade da empresa nos aspectos ESG: onde ela está errando?”
- “As bolsas de valores são importantes porque estão na intersecção entre os investidores, as empresas e os reguladores. Se elas influenciam as empresas, o que veremos é uma revolução nos mercados financeiros.”
Olivier Blum
- “Ter uma estratégia de sustentabilidade realmente forte também tem a ver com o que você faz para reduzir os riscos de tudo o que você faz nos negócios.”
- “Consumir menos energia é bom para o planeta, por reduzir emissões. Mas, ao mesmo tempo, é bom para os seus resultados financeiros.”
- “Uma companhia que tem um forte compromisso com a sustentabilidade, no mundo de hoje, se torna muito mais atrativa.”
Ann Rosenberg
- “Toda vez que estamos construindo um novo programa, transformamos todos os nossos compromissos de longo prazo em objetivos de curto prazo.”
- “Quando você define a estratégia e a governança em sua companhia, você precisa garantir que o ESG esteja embutido nela.”
- “Historicamente, o setor de tecnologia não incluía sustentabilidade na forma como implementava suas soluções. Mas, em anos recentes, usar ESG como princípios de design para construir soluções e desenhar produtos tornou-se chave.”
- “Para você ter uma companhia 100% comprometida com propósito e sustentabilidade, toda e qualquer pessoa da sua companhia têm que agir de acordo com o discurso.”
- “O que a Covid nos ensinou, além de nos ensinar a trabalhar juntos de uma forma muito melhor, foi que, o que quer que façamos em sustentabilidade, não podemos fazer sem termos também um mapa de resiliência, ao mesmo tempo.”