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“Eleição ainda nem bateu no câmbio”, diz chairman do Brookfield no Brasil

Em encontro com CEOs promovido pelo Experience Club, Luiz Lopes afirma que dólar mudou de patamar por fatores externos, criando oportunidades de investimento em infraestrutura para fundo canadense com US$ 23 bi de ativos no país

Embora a tensão pré-eleitoral venha sendo apontada por diversos analistas como um dos fatores da disparada no preço do dólar nas últimas semanas, é a nova política monetária americana a responsável pela forte mudança cambial no Brasil. Essa é a percepção do executive chairman do grupo Brookfield no país, Luiz Lopes.

“Essa valorização do câmbio está mexendo com diversas moedas e coloca o dólar em outro patamar”, destaca o principal executivo do fundo de origem canadense com investimentos globais de US$ 285 bilhões, sendo US$ 23 bilhões no Brasil, espalhados em imóveis, infraestrutura, agricultura, saneamento e serviços, entre outros. Lopes foi o convidado especial do Almoço 2020 realizado pelo Experience Club na sexta-feira, 25.05, que reuniu CEOs de grandes empresas na sede da Athiê Wohnrath, em São Paulo.

O real desvalorizado é uma oportunidade importante para o Brookfield, que tem capital aberto na Bolsa de Nova York, em realizar novas aquisições no Brasil, mas Lopes de forma alguma diminui a importância da corrida eleitoral no cenário econômico do país. “A grande dúvida de como vai ficar o mercado é a eleição: podemos ter uma apreciação generalizada de ativos”, afirma o executivo.

Investidores à espera

A crise não fez o grupo Brookfield pisar no freio no Brasil nos últimos anos, muito pelo contrário. Somente no ano passado adquiriu a rede de gasodutos NTS e o negócio de saneamento BRK Ambiental, este último após uma longa negociação com o grupo Odebrecht. “Nem foi uma questão de pagar o melhor preço, mas de oportunidades que surgiram naquele momento”, explica Lopes.

O executivo torce para um resultado eleitoral que não prejudique a retomada da economia. “Existe um volume brutal de dinheiro esperando para entrar no Brasil. O nosso problema é que o país ainda parece preparado para eleger alguém com perfil ‘market oriented’. O maior perigo é eleger um idiota”, ressalta.

Poucos investidores conhecem o Brasil como o Brookfield. A companhia nasceu em São Paulo em 1899, fundada por dois empreendedores vindos do Canadá. Batizada de São Paulo Traction Company, iniciou a operação de bondes elétricos na cidade. Mais tarde, assumiu seu nome mais conhecido pelos brasileiros, a Light, entrando no mercado de energia e em vários outros segmentos.

Hoje o Brookfield está espalhado em uma infinidade de negócios no país. Muito conhecido no mercado de incorporação imobiliária, opera usinas hidrelétricas, linhas de transmissão, oleodutos, concessões rodoviárias, negócios agroflorestais, saneamento e agricultura, entre outros. “Na falta de problemas, decidimos plantar também abacaxi”, diverte-se o chairman da companhia.

Entre as apostas, Lopes quer avançar em infraestrutura, nos negócios liderados pelas “campeãs nacionais” que o grupo está desenvolvendo no país, em setores como saneamento, energia, óleo e gás, dando preferência seu perfil histórico de investimento: operações com fluxo de caixa previsível ancorado em contratos de longo prazo.

No momento em que a crise fiscal vai continuar inviabilizando um ciclo estatal de investimentos em infraestrutura, o executivo do Brookfield acredita que, independentemente da orientação do próximo governo, vão surgir mais oportunidades de negócios para os canadenses. “Esse tabu contrário às concessões é algo que já passou”.

Texto: Arnaldo Comin

Foto: Marcos Mesquita/Experience Club 

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