Se os brasileiros com mais de 50 anos fossem um país, ele seria o 18º mais rico do mundo e estaria no G20 do consumo global. O potencial de compra das 54 milhões de pessoas que já ultrapassaram a barreira de meio século no País chega a R$ 1,8 trilhão por ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O público dessa faixa etária engloba a primeira leva da Geração X (nascidos em 1960-70) e os Baby Boomers (1950-60).
O poder de consumo é impactante e equivale a nada menos que 42% da renda nacional. E tem mais: a “Grey Force” (força grisalha) continua na ativa. Metade da renda dos 50+ vem do trabalho.
“É mais do que todo consumo da Classe C”, destaca Renato Meirelles, Presidente do Instituto Locomotiva. Responsável pela elaboração da pesquisa “Longeratividade” para a Bradesco Seguros, o instituto constatou, porém, que dinheiro não traz notoriedade. Apesar do enorme potencial econômico, os “maduros” não se enxergam nas propagandas.
E não é para menos: 84% dos atores de comerciais têm menos de 50 anos.
Já 87% gostariam de ser mais ouvidos pelas empresas. Um recado direto para as companhias que querem atrair tanta força de consumo. Nos próximos 12 meses, 30% deles pretendem comprar móveis para casa (9,8 milhões de pessoas); 12% querem trocar o smartphone (6,5 milhões); 11% querem uma geladeira nova (3,6 milhões); e 9%, uma máquina de lavar (2,9 milhões).
Viagens e estudos também fazem parte dos planos dos 50+. A pesquisa aponta que 18% (ou 9,7 milhões) pretendem viajar de avião para algum destino no Brasil e 4% (2,2 milhões) querem fazer uma viagem internacional. Um curso profissionalizante está na mira de 10% deles (5,4 milhões) e 6% (3,2 milhões) têm intenção de fazer faculdade.
Futuro Grisalho ou Cinzento?
Mesmo sendo mais bancarizados que o resto da população (87% dos 50+ são correntistas), não sobra dinheiro para guardar. Apenas 35% têm algum tipo de poupança e 23% deles têm o equivalente a três meses ou mais de renda guardada. Uma das razões são os salários baixos: na média, pessoas com mais de 50 anos recebem R$ 2.126. As aposentadorias são ainda menores – média de R$ 1.574.
Por isso que mais da metade afirma que não está fácil pagar as contas atualmente e 82% se preocupam com o futuro. Para 69% a condição financeira atual é menos favorável do que imaginavam ter nessa idade. A expectativa é de um futuro cada vez mais “cinzento”. Até 2050, 43% da população brasileira terá 50 anos ou mais – serão aproximadamente 98 milhões de pessoas.
“Hoje, temos 24 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Em 2060, serão 73 milhões. Isto aumenta nossa responsabilidade em discutir um futuro mais sustentável, que começa pela Reforma da Previdência e passa por outras questões, como a infraestrutura urbana”.[autor]Jorge Nasser – Diretor Presidente da Bradesco Vida e Previdência[/autor]
Meirelles corrobora com o argumento e aponta três grandes desafios: geração de renda, inserção social e saúde e bem-estar. “Não é preciso explicar quão relevantes são para a sociedade e para o mercado”, comenta.
Realizada pelo Instituto Locomotiva, a pesquisa ‘Longeratividade’ analisou dados secundários e bancos de dados próprios de um público de mais de 50 anos, além de uma pesquisa online com 2.184 pessoas a partir de 16 anos, em 2018.
Texto: Andrea Martins
Imagens: Unsplash