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Uma startup criada para matar o negócio dos fundadores

Accessrun

Accessrun, de identidade digital e controle de acesso, negocia aporte de R$ 5 milhões para iniciar ofensiva comercial e se consolidar como a “Sem parar de gente”, diz o CEO Donato Cardoso

Os primeiros meses de 2022 têm sido de expectativa na Accessrun. A startup de controle de acesso e identidade digital, criada para “matar” o negócio original de seus fundadores, está em fase final de negociação de um aporte de R$ 5 milhões. Com o dinheiro, pretende financiar um ambicioso plano de expansão, desenhado para este ano, e se consolidar no mercado como a “Sem Parar de gente”. 

Depois de dois anos de desenvolvimento de produto, um ano de projetos piloto em grandes clientes e um de mercado para afinar o produto, o objetivo agora é elevar o faturamento de R$ 1,5 milhão, no ano passado, para R$ 4 milhões, em 2022, além de ampliar a presença fora do Brasil, diz Donato Cardoso, CEO e cofundador da empresa. “Vamos usar 70% do dinheiro para isso”, afirma. 

A Accessrun é uma spin-off da Hoje Tecnologia, empresa goiana de controle de acesso com foco em grandes condomínios horizontais. Começou a ser gestada por volta de 2014, quando Cardoso e outros dois sócios perceberam que, em algum momento, a transformação digital mataria o negócio de controle de acesso em que estavam. Mas a startup só começou a sair do papel em 2017.  

“A gente literalmente decidiu acabar com o nosso negócio. Foi nossa proposta. Alguém vai chegar com isso um dia. Vamos fazer antes? Foi uma decisão difícil. Demoramos três anos para tomá-la”, conta o empresário. “Mas foi a decisão mais acertada. Contratos da Hoje que antes rendiam R$ 5 mil por mês, atualmente rendem R$ 900”, diz Cardoso.   

A Hoje Tecnologia segue em operação. Mas a expectativa dos sócios é a de que a Accessrun já a iguale em receita neste ano e, em 2023, a ultrapasse. “Em janeiro, já crescemos 20% sobre o ano passado”, afirma. 

“Sem parar de gente” 

Tanto a AccessRun quanto a Hoje atuam no mercado de controle de acesso. Mas, de acordo com Cardoso, as tecnologias digitais permitiram à startup trabalhar com um horizonte muito mais amplo, por agilizar e facilitar os acessos, reduzir os custos de adesão dos clientes ao serviço e ampliar de forma sensível as possibilidades de rentabilidade do antigo negócio. “Criamos um conceito de identidade única de pessoas e, a partir disso, desenvolvemos uma solução de acesso expresso que tem feito as pessoas nos definirem como um Sem Parar de gente”, diz, em referência ao serviço para automóveis. 

Na Hoje, a prestação do serviço dependia da instalação de uma infraestrutura “parruda” e cara, em cada condomínio horizontal cliente. “Redimensionávamos a rede, colocávamos catracas e grandes servidores”, conta. O serviço prestado pela nova empresa depende só de um sensor de controle de acesso IoT (internet das coisas), pouco menor que um celular, que custa R$ 1,2 mil, diz Cardoso.  

O aparelho, desenvolvido pela própria Accessrun, reconhece celulares e smartcards por aproximação. A plataforma de controle roda na nuvem, acessada remotamente pelo anfitrião para cadastrar e descadastrar convidados, tirar relatórios e receber avisos quando alguém entra ou sai. “A partir daí, pensamos em soluções que nos permitissem explorar além da portaria”, diz.  

É através delas que a startup pretende agora alavancar as vendas. Além de edifícios e condomínios residenciais, escritórios e indústrias, clientes naturais, a Accessrun quer atrair integradores de soluções de acesso e empresas que usem a sua tecnologia para criar novos serviços. No primeiro grupo encontra-se a própria Hoje Tecnologia, que vem migrando do modelo de grandes estruturas para o uso de hardwares mais enxutos. No segundo, há clientes como a Vendify que, segundo Cardoso, já usa o sistema para liberar o acesso a suas lojas sem caixa em condomínios fechados. 

“Nosso objetivo é instalar o conceito de máquina de vendas para captação e formação de um ‘esquadrão’ de revendedores da nossa plataforma, através do credenciamento de empresas integradoras”, afirma Cardoso. “Desta forma, crescemos em rede, fomentamos o mercado da empresa parceira e escalamos a quantidade de pontos geridos com nossa tecnologia”. 

A expansão inclui também mercados fora do Brasil. Hoje, o sistema da empresa, traduzido para o inglês e o espanhol, já é usado em mais 17 países, diz o empresário. Entre eles, estão Canadá, Colômbia, China, Suécia e Estados Unidos. “Um dos potenciais investidores é americano”, afirma. 

O aporte não será o primeiro. Segundo Cardoso, a startup já recebeu R$ 5,5 milhões de investidores pessoa física — os nomes não são divulgados. Uma de R$ 1,5 milhão e, a outra, de R$ 4 milhões.

Foto: divulgação

Texto: Dubes Sônego

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