Categories

Most Viewed

Onze princípios da Inovação Aberta

O ritmo das transformações sociais e econômicas da era digital tornou praticamente inviável para uma empresa, mesmo as maiores, desenvolver e colocar sozinha no mercado produtos e serviços que a permitam se manter relevante sem inovação aberta. É o que está por trás da queda acentuada na longevidade corporativa. Segundo estudo da McKinsey, nos anos 1980, a expectativa de vida de uma companhia da Fortune 500, a lista das maiores do mundo, era de 30 anos. Hoje, está abaixo dos 15 anos. Dos nomes de figuravam no ranking há pouco mais de 60 anos, 88% deixaram de existir. E a culpa é atribuída não à tecnologia, mas à incapacidade de adaptação.

A novas gerações de gigantes do mundo corporativo, como Microsoft, Facebook e Amazon, entre muitas outras, sabem disso e, além de investirem fortemente recursos próprios em inovação, também acompanham, se relacionam e investem em startups que consideram ameaças ou oportunidades. Do relacionamento mais próximo, podem sair contratos de fornecimento, parcerias no desenvolvimento de novos produtos e mesmo aquisições com potencial transformador. É o que se conhece no mercado como inovação aberta.

Nos últimos anos, a Microsoft, por exemplo, adquiriu o LinkedIn e o GitHub. O Facebook levou o Whatsapp e o Instagram, enquanto a Amazon fechou a compra da Ring, desenvolvedora de um campainha inteligente, e da Eero, de roteadores wi-fi. No Brasil, a Magazine Luíza vêm fazendo uma série de aquisições, como a das plataformas de mídia Unilogic Media, Canal Geek e a InLoco Media, para acelerar sua transformação digital.

Experience Club conversou com Hector Gusmão, CEO e cofundador da aceleradora Fábrica de Startups Brasil, para entender como as empresas tradicionais podem se aproximar de startups e  montar jornadas de inovação aberta bem estruturadas, com uma série de programas e iniciativas coordenadas, com potencial de transformar culturas empresariais em dois ou três anos. “Não é uma coisa que se mude de um dia para o outro. Porque, de fato, transformação é algo bem desafiador para executivos de grandes empresas”, diz Gusmão. Mas é possível.

Confira os destaques:

[Assista à entrevista e mergulhe no assunto]:

Onze Princípios da Inovação Aberta

1. Ganha-ganha com startups

Startups podem ajudar grandes corporações a se transformarem de diversas maneiras. Uma delas é trazendo tecnologias e soluções para os vários desafios que as empresas têm. Outra é ajudando na disseminação interna de uma cultura de trabalho mais ágil, flexível, econômica e empreendedora.

2. Alinhe as expectativas

Há uma discrepância muito grande uma corporação e o que é uma startup. Por isso, é muito importante alinhar expectativas. É preciso entender que uma startup não entregar o mesmo nível de escala que uma empresa de tecnologia estruturada e reconhecida no mercado. Mas há vários outros benefícios, como preço, agilidade e a possibilidade de adaptação da tecnologia para a sua realidade.

3. Interação transversal

Não é só o diretor de inovação, ou um pessoa específica na companhia, que deve interagir com as startups. É preciso que haja envolvimento de toda a companhia, ou pelo menos das áreas que terão contato com a startup, para que a coisa realmente aconteça. O envolvimento de forma transversal é necessário para que as pessoas envolvidas possam entender as dificuldades, as oportunidades e as adaptações internas que serão necessárias.

4. Não trate startup como fornecedor

As startups devem ser vistas como algo mais que um prestador de serviço.  As empresas devem avaliar como usá-las de forma estratégica. Como, a partir de primeiro negócio de prestação de serviços, o contato pode se transformar em algo como o desenvolvimento conjunto de um novo produto, uma joint venture, um investimento ou até levar a compra da startup. Startups tratadas como simples fornecedores também podem acabar desenvolvendo projetos maiores com os concorrente da sua empresa.

5. Chegando perto dos inovadores

Depende do nível de maturidade da corporação. Se for uma corporação que está começando, nada melhor do que testar e interagir com o ecossistema startups através de visitas a coworkings, reuniões com diferentes startups, visitas de imersão em ecossistemas estrangeiros e hackathons, mas sem a expectativa de transformar a companhia com esses programas pontuais. Depois dessa etapa de sensibilização, vale testar, fazer um primeiro negócio com alguma startup, em uma escala ainda muito pequena, para gerar um primeiro case. É algo que costuma ser muito útil para converter os céticos da companhia.

6. Inovação aberta estruturada

Se a companhia quer de fato se transformar se relacionando com startups, depois de um período de contato inicial, precisa montar um programa mais estruturado. Na Fábrica de Startups, a visão é de que programas do tipo precisam ter três pilares. O primeiro é de cultura de inovação, relacionado à forma como a liderança promove a inovação dentro da empresa. O segundo é o e exploração efetiva da inovação aberta para resolver desafios da companhia. E há ainda um terceiro pilar, de marca, para facilitar a atração de startups e de talentos fundamentais para a inovação, que de outra forma podem não saber que sua companhia está interessada em inovar.

7. Liderança inovadora

A decisão de se relacionar com startups deve partir da direção da empresa e ser imposta de baixo para cima. O tema pode até surgir primeiro em outros níveis da hierarquia, mas a promoção precisa ser feita pela liderança, pelo caráter estratégico da inovação aberta.

8. Os desafios da inovação

Um dos principais desafios da inovação aberta é lidar com a pressão por resultados imediatos. É possível conseguir alguns cases em pouco tempo através de parcerias com startups mais maduras. Mas a inovação efetiva, de maior impacto, e a transformação cultural que torna uma empresa mais flexível, ágil e criativa, requer alguma paciência.

9. Cuidados com as startups

Na relação com as startups, ajuda estar preparado para promessas exageradas e expectativas infladas. É relativamente comum empreendedores prometerem escalas que não vão conseguir entregar ou tratarem a corporação como um venture capital. 

10. Comece gastando pouco

Se começar a se relacionar com startups for caro para uma empresa, a estratégia é questionável. Porque o espírito da inovação aberta está muito ligado ao próprio modelo Lean startups. Testar, falhar rápido, aprender e ir aperfeiçoando o modelo ao longo do tempo. Até conseguir apoio para estruturar um programa que, de fato, vá trazer a transformação da companhia.

11. Amplie o arco estratégico

Buscar o suporte de empresas especializadas no desenho de programas de inovação aberta pode facilitar e acelerar o processo. A Fábrica de Startups é uma delas, mas existem várias outras. Uma vez que a companhia aprende a lidar com as startups e internaliza modelos de trabalho e gestão mais atuais, podem andar sozinha.

Texto: Dubes Sônego

Imagens: Reprodução

    Leave Your Comment

    Your email address will not be published.*

    Header Ad