O tema ESG vem ganhando cada vez mais espaço na agenda corporativa e relevância junto a acionistas e demais stakeholders que compõem a cadeia de valor das organizações. Muito mais do que uma sigla, o tema é complexo e precisa ser compreendido em sua totalidade. Ou seja, os três pilares – ambiental, social e governança – caminham juntos e apenas assim pode-se falar em sustentabilidade.
O próximo Experience LAB, Decodificando o ESG, que será transmitido em 4 de maio pelo EXP TV, terá como principal palestrante a dinamarquesa sediada em Nova Iorque Ann Rosenberg. Depois de 20 anos na SAP, ela assumiu a cadeira de vice-presidente sênior de desenvolvimento sustentável da Wood plc, uma das empresas líderes mundiais em consultoria e engenharia, nas áreas de energia e construção. Além disso, ela apoia várias iniciativas da ONU e organizações sem fins lucrativos, incluindo a Iniciativa de Governança do Clima do Fórum Econômico Mundial.
Em 2020, ela cofundou e lançou junto com o Pacto Global da ONU o programa SDG Ambition, que desafia e apoia as empresas a serem mais estratégicas e transformadoras na forma como conduzem seus negócios para cumprir a Agenda 2030 de sustentabilidade.
Confira os principais trechos da entrevista que fizemos com Ann.
1- O que é uma companhia aliada aos parâmetros ESG, segundo a ONU?
Em primeiro lugar, se você olhar para a jornada de sustentabilidade que as empresas têm pela frente, poderá abordá-la de muitas maneiras diferentes. Quando falamos sobre o ESG e seus parâmetros e ambições, o mais importante é que a estrutura de governança construída dentro de sua empresa transpasse toda a sua linha de negócios, guiada por um propósito. E nessa jornada de propósito, é claro, você deve alcançar todos os diferentes tipos de estruturas disponíveis. Portanto, se você olhar para os 17 objetivos globais terá uma estrutura incrível. Se você olhar para o documento ESG Ambition como uma tradução dos 17 objetivos globais, você verá novamente métricas e estruturas que você pode usar para a jornada da sua empresa. O mais importante é que você encontre uma maneira comum a todos de falar sobre propósito para que todos apóiem e compartilhem a missão e a visão da empresa.
2 – Como tem sido a experiência de trabalhar com a ONU, como funciona na prática a iniciativa “SDG Ambition”? É uma espécie de cartilha para as empresas seguirem?
Eu participei como cocriadora da iniciativa SDG Ambition juntamente com o ex-CEO do Pacto Global. Há seis anos eu me mudei para Nova Iorque pela SAP com o propósito de construir um complexo gigantesco de inovação. Então, eu me perguntei que tipo de centro de inovação era possível construir em uma cidade como Nova Iorque. Como uma pessoa nascida na Dinamarca, onde a ONU tem um espaço muito relevante, faz parte do meu DNA questionar, mesmo nas pequenas coisas, qual é o propósito do que estou fazendo. E com a inovação é o mesmo pensamento: qualquer modelo de negócio que disponha de soluções de tecnologia deve ser pensado e implementado para um mundo melhor. Então, eu me aproximei da ONU nos EUA, estreitando as relações de cooperação com o setor privado, especialmente com clientes SAP, por cinco ou seis anos. A minha missão era provocar as empresas a pensar que tudo o que elas criam e fazem deve ser feito para as pessoas, mesmo para aquelas que não são seus clientes diretos. Temos uma tendência a viver em nossas próprias bolhas e a não compreender que somos todos parte de algo maior e, portanto, todos nós temos responsabilidades de apoiar e ajudar este mundo a ser um lugar melhor. Resumidamente, a minha missão era a de combinar as responsabilidades da ONU com as do setor privado. Há uns três anos eu percebi que não tinha visibilidade de todo o trabalho que estava fazendo. Todo mês de julho há uma consolidação sobre o quanto os países e nações estão avançando na direção dos 17 objetivos globais definidos pela ONU. E percebi ali que não estávamos nos movendo na direção certa. Em alguns objetivos, estávamos até mesmo regredindo, e me questionei o porquê. Não bastava definir missão, visão, valores e se comprometer com um bom propósito, mas era preciso aterrissar tudo isso na espinha dorsal da empresa, nas áreas de processos de negócios. Isso significa dizer que quando você produz um produto, um serviço, quando você define seus processos de cadeia de suprimentos e de fornecimento, seus processos de aquisição, seu sistema de gestão de qualidade, não importa em qual setor você esteja atuando, os princípios ESG tem que ser colocados no centro do design de cada projeto.
[Ann ilustra a proposta de implementação do framework ESG descrita no documento SDG Ambition e fala sobre a importância do envolvimento do board das empresas]